2023 será um ano de consolidação do Open Finance no Brasil, com avanços em regulação, novas fontes de dados e trilhos de pagamentos e maior adoção do modelo por consumidores e instituições.
Se 2021 foi um ano de preparação para o Open Finance, 2022 foi o ano de ver as coisas começarem a acontecer. Afinal, só entre junho e setembro, o volume de chamadas de API foi de 3,9 bilhões, segundo dados da Estrutura de Governança do Open Finance no Brasil. E em 2023, este número deve aumentar exponencialmente.
A Oliver Wyman comparou o desempenho do modelo aqui no Brasil desde 2020 com a penetração do Open Banking no Reino Unido e, a partir desta análise, avaliou que o ecossistema deve alcançar 60 milhões de usuários no Brasil até 2025.
Com uma agenda estabelecida pelo Banco Central e cerca de 200 instituições participantes, o Open Finance no Brasil teve um planejamento ousado, com o modelo evoluindo de forma acelerada, especialmente durante o terceiro trimestre de 2022.
“Ainda temos um longo caminho pela frente com muitos desafios, porém, o nível de maturidade apresentado pelas instituições surpreendeu e a população já está colhendo alguns dos benefícios do Open Finance, seja no acesso crédito ou na gestão financeira”
Albert Morales, diretor geral da Belvo no Brasil.
A Belvo tem ajudado empresas como Neon e Mercado Livre, por exemplo, a melhorarem seus serviços de crédito através de análises enriquecidas das informações financeiras que os usuários têm compartilhado através do Open Finance. Outra indústria que já está sentindo o impacto do avanço do modelo é a de ERP. Grandes players do segmento, como Conta Azul, Marketup, e Agilize, por sua vez, têm usado a plataforma da Belvo para oferecer uma gestão contábil em tempo real às MPMEs, melhorando sua saúde financeira e, por consequência, movimentando a economia.
Com a licença para atuar como iniciadora de pagamento concedida pelo Banco Central, a Belvo espera abrir uma miríade de possibilidades para seus clientes e usuários. “Poderemos casar dados e levar opções de pagamentos mais seguras e simples às pessoas usando nossa expertise processando dados do Open Finance há mais de três anos”, conta Albert.
Open Finance no Brasil em 2023, o que esperar?
As fases do Open Finance estão evoluindo, e em 2023 podemos esperar uma evolução do que já foi lançado e uma aceleração das novidades que estão por vir, incluindo novidades interessantes para o Pix que se refletem em novas possibilidades de produtos de pagamentos. O Comitê do Open Finance prevê melhoras na performance do compartilhamento de dados, novas fontes cobrindo investimentos, seguros, previdência e câmbio, e um salto na questão da iniciação de pagamentos.
Participação de bancos digitais vai impulsionar a adoção
Os bancos digitais reúnem uma grande base de usuários altamente digitalizados, e que estão abertos a testar novos produtos que possam lhes trazer mais vantagens financeiras. Por ser um movimento encabeçado pelo Banco Central, apenas instituições reguladas pelo mesmo tinham a obrigatoriedade de participar do compartilhamento de dados. Instituições financeiras independentes, como é o caso dos bancos digitais, tinham a participação opcional.
Nem todos os bancos resolveram se voluntariar inicialmente, mas agora o jogo está começando a virar. O Nubank, instituição que não estava entre as de entrada obrigatória no Open Finance, aderiu ao modelo neste ano e tornou-se participante voluntário na regulação do BC antes do esperado. “Este é um movimento muito importante para o Open Finance uma vez que precisamos educar com prioridade os usuários mais engajados com as finanças digitais sobre todos os benefícios que o Open Finance pode trazer e, assim, massificar o modelo”.
Iniciação e pagamento variável recorrente (VRP)
Em 2023, espera-se que a iniciação de pagamento tome ainda mais forma, com players como a Belvo se consolidando para permitir que os usuários iniciem pagamentos fora do ambiente da instituição financeira e otimizem o potencial do Pix, com soluções que podem gerar até 20% mais conversão.
Mas, há ainda mais por vir. Já está no radar dos iniciadores o chamado VRP, do inglês Variable Recurring Payments. Como o nome diz, trata-se de uma cobrança recorrente diretamente na conta corrente do usuário de acordo com o uso.
“O VRP será um amplificador do potencial do PIX uma vez que traz mais simplicidade para o processo do pagamento. O consumidor poderá, por exemplo, deixar salva a pré-autorização de pagamento com o PIX em um e-commerce, assim como faz com seu cartão de crédito, por exemplo, facilitando na hora de pagar e diminuindo taxas de dropout”
Albert Morales
Outros benefícios do VRP são a portabilidade de fundos automática entre contas do titular para evitar situações como cheque especial ou pagamentos agendados de contas como água e luz em qualquer conta de banco.
Navegando o oceano azul dos dados PJ
Até agora, o Open Finance no Brasil se concentrou nas pessoas físicas e o mundo PJ, devido a sua complexidade, acabou sendo despriorizado. Em 2023, a expectativa é que o mundo corporativo seja olhado mais de perto. Uma vez que a infraestrutura de compartilhamento destes dados esteja pronta, será possível construir novos produtos de enriquecimento voltados para esta audiência. “Estamos falando de uma grande parcela da economia que pode se beneficiar enormemente do Open Finance. As empresas poderão emitir pagamentos corporativos de forma mais simples e ter maior acesso ao crédito. Porém, para podermos construir isso, precisamos de insumos”, opina.
Dados de mais qualidade
Uma vez estabelecidos os requerimentos de compartilhamento, chegou a hora de garantir a qualidade dos dados compartilhados. Com isso em mente, o Comitê do Open Finance criou um grupo de trabalho dedicado para evitar que os dados cheguem na instituição receptora errados ou incompletos. Já estamos vendo uma grande melhoria e 2023 deve trazer uma performance ainda melhor.
Score de crédito mais justo (e mais barato)
Os dados do Open Finance permitem uma visão mais ampla da vida financeira do usuário, o que é especialmente importante para bancos e provedoras de crédito. Com dados de mais qualidade e novas fontes, as possibilidades de construção de novos modelos de underwriting e de scoring de crédito são imensas.
Neste sentido, a Belvo já está trabalhando com a FICO, que é a plataforma de tomada de decisão analítica mais utilizada por bancos no mundo todo. A parceria vai permitir que as instituições financeiras possam calcular modelos de risco de forma muito mais rápida e mais barata do que através de modelos tradicionais.
Inclusão de novos players no escopo regulado
Finalmente, a expectativa é que em 2023 mais empresas que não sejam reguladas pelo Banco Central possam usufruir dos benefícios da regulação do Open Finance através de provedores de tecnologia como a Belvo. Ter esta certeza regulatória permitirá que novos casos de uso que não são necessariamente financeiros sejam desenvolvidos e a população veja ainda mais benefício no Open Finance.